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sábado, 26 de abril de 2014

repilot


Eu sei que faz muito tempo que não venho aqui. Não sei por quê. Na verdade, eu sei.

Eu me sinto cansada.

Não sei exatamente para onde eu deveria guiar esse blog. Sinto orgulho de ter textos aqui que eu mesma releio e eu não mudaria uma única vírgula. Sinto um prazer enorme ao ter visto tantas pessoas compartilharem tais posts entre eles e assinando embaixo e, sim, eu sou egocêntrica e amo ver pessoas concordando comigo. Mas chega a um ponto que eu não sei se eu estou certa. Eu não acho mais que estou acertando. Não sei.

Eu não estou fechando nada. Nem quero. Esse blog ainda me traduz. Tenho vontade de voltar a escrever como fazia e eu gosto de dedicar máxima atenção para cada post. Eu adoraria que vocês tivessem um blog atualizada três vezes por semana ou até mesmo todos os dias, como os blogs favoritos de vocês, mas eu considero isso inviável. Eu mesma não tenho energia para isso, não tenho assunto, não tenho o menor saco. Me perdoem, porque vocês merecem mais que isso. Vocês merecem os comentários respondidos em poucas horas. Vocês merecem uma resposta mais imediata. Vocês merecem mais interesse do que eu posso dar.

Estou só sendo sincera.

Escrever para esse blog não é exatamente divertido. Os assuntos costumam ser racismo, transfobia, misoginia. Não são temas divertidos. Eu estou cheia de raiva e eu preciso liberá-los. Eu estou furiosa e chateada com vocês, e eu quero dizer isso em algum lugar que seja meu. Mas eu não consigo mais me sentir furiosa com vocês. Eu só me sinto desapontada, porque eu realmente odeio perceber que não adianta.

Não adianta. Vocês irão cometer os mesmos erros e eu falarei as mesmas coisas e simplesmente não vai acabar. É um ciclo que continua e continua e continua e, sério, isso me frustra. 

Passei esses últimos meses fazendo coisas divertidas. Jogando RPG. Viajei para o Rio. Vi séries em ritmo compulsivo. Me entupi de comida. Terminei um período de faculdade e comecei outro. Eu fiz isso pela minha saúde mental. Ninguém merece sentar no pc e ler as merdas que me motivam a fazer cada post que fiz nesse blog. Ninguém merece saber que eu, Luna, 20 anos, sou privilegiada pra caramba e se eu já me sinto sufocada, imagina quem não tem os mesmos privilégios que eu. Ninguém merece lidar com gentinha que curte Danilo Gentili e Felipe Neto. Ninguém merece.

Eu não mereço.

E eu quero que esse blog seja um refúgio. Quero que seja um lugar agradável de se estar. Porém é onde descarrego minha raiva e minha frustração para com o mundo. Soa coerente? Soa coerente que eu faça de um lugar que eu pretendia que fosse bonito e confortável o meu espaço pessoal de fúria com a transfobia dentro do feminismo ou misoginia em todos os espaços possíveis? Eu não sei. Eu não sei como vocês se sentem a respeito. Só sei que sentem saudades dos meus textos e, bem, eu também.

São apenas reflexões. Eu gostaria de relembrar novamente que embora esse blog pertença à uma leonina com mercúrio em leão, o que quer dizer algo sobre como eu pareço uma tirânica enquanto dou as minhas opiniões, isso ainda não faz de mim a rainha do universo e eu não odeio quem pensa diferente de mim. Tem muitos posts, por exemplo, que já mudei de ideia 2145987 vezes (o caso campeão é sobre se podemos chamar mulheres de machistas ou não). Tem casos que eu não sei o que pensar. Tem casos que estou cansada demais para pensar. 

Esse é, talvez, o meu texto mais pessoal aqui. Eu me incomodo em escrever sobre eu mesma, porque me sinto exposta. Mas eu preciso aprender a fazer isso, porque se eu quero ser artista, eu preciso aprender a me expor. Então vamos lá. Um passo por vez.

E, de coração, eu agradeço a todos vocês.
Pelo apoio, pelo carinho, pelas críticas, comentários e compartilhamentos nesse um ano e quatro meses. E isso não é o fim.

É apenas o começo de uma outra era que eu ainda não decidi como será (\\^o^//)