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sexta-feira, 17 de maio de 2013

O nosso mal é a estupidez.

Há coisas que eu não compreendo na internet. Uma delas é idolatria ao bacon. Outra é adoração aos zumbis - me sinto tão ~~old school~~ porque sou dessas que ainda curte vampiros - e os de Anne Rice ainda. Mas a coisa que eu menos entendo, de todas elas, é porque as pessoas são tão estúpidas, burras e covardes. E egocêntricas.

O negócio é que se você tem internet, você tem informação. Você tem Google na tua vida, tem um zilhão de links, blogs, sites, textos, artigos e opiniões de diversas pessoas. Em resumo: você tem pessoas do mundo inteiro opinando, discorrendo, contando, descrevendo sobre suas próprias vidas. Então você tem acesso à uma quantidade de informação IMENSA que nem mesmo nossos pais tiveram acesso em sua juventude. E se você tem mais informação, então você pode saber melhor como as coisas funcionam, refletir que existem outras formas de vivência, etc, etc.

E, cara, isso.não.acontece.
pior que parece isso mesmo, gente
Parte I - Por que, em nome de Merlim, as pessoas são tão estúpidas?

Tem quem ache que preconceito é uma questão de ignorância. "Oh, ela não tem informação suficiente, por isso o preconceito". Eu discordo. Preconceito é uma questão de contexto - e do bom senso. Se a pessoa viveu no Brasil na década 20, por exemplo, é compreensível que ela tenha desenvolvido preconceito racial. É estúpido, porque é só somar um mais um e ver que diferenciar por cor de pele é idiota, mas na década de 20, as pessoas realmente acreditavam que isso fazia diferença - e volta e meia alguém vinha com teorias ~científicas~ para reforçar isso. Então o contexto ajuda muito nos preconceitos que uma pessoa terá - sua classe social, sua nacionalidade, sua história, suas próprias vivências farão esse papel de definir o que ela aceitará como natural e o que ela discriminará. E o bom senso - lindo e maravilhoso - vem para que as pessoas, mesmo em um contexto contrário, raciocinem e então impulsionem um movimento contrário ao preconceito vigente.

(vale salientar que nem estou falando de movimentos sociais ou algo assim. Me refiro ao bom senso que existe dentro da gente e faz a gente pensar duas vezes em algo novo)

O negócio é que estamos no século XXI. Nós estamos no meio de uma era baseada na informação. E estou falando de pessoas que utilizam a internet - e não tem desculpa nenhuma para serem TÃO, mas TÃO estúpidas. Eu conseguiria perdoar minha finada avó por ela não querer netos negros porque ela estava em um contexto no qual ela simplesmente assimilou que isso é algo ruim. Mas hoje tem internet. Hoje tem a droga do Google. Você pode achar QUALQUER COISA lá. Tem ESTATÍSTICAS de absolutamente qualquer coisa que já tenha sido pesquisada. Basta você digitar "quantas mulheres são estupradas por ano?" e virão artigos acadêmicos, notícias de jornal e pesquisas científicas com amostragem para apontar que 1 em cada 4 mulheres do mundo já sofreu ou sofrerá alguma espécie de abuso NO MUNDO. Basta você jogar "cotas raciais" e encontrará artigos sobre diferenças de desempenho entre cotistas e não-cotistas e assinalando que, ao contrário do mito comum, os cotistas não ficam atrás. Uma pesquisinha de cinco minutos desmente qualquer mito do Facebook. Um único segundo de "opa, mas isso faz sentido?" já faz uma baita diferença.

Mas não fazem.

Seguinte: eu não sou obrigada a aturar gente estúpida. "Luna, o feminismo é o inverso do machismo". GOOGLE IT. "Luna, mas a mulher é estuprada porque quer". GOOGLE IT. Eu não sou obrigada a aturar sua falta de bom senso e de empatia absoluta. Eu costumo fazer bastante propaganda do feminismo e outras bandeiras porque quero e porque acho importante. Não obrigo ninguém a fazer a mesma coisa que eu, só não me diga que estou chata - eu só ajo assim porque tem gente que faz questão de propagandear sua estupidez (e absoluta falta de conhecimento - que é de propósito, porque se ela quisesse ser mesmo uma pessoa informada e feliz, era só ela dar uma pesquisadinha rápida e veria que estava errada) para todos os lados.

Falta de conhecimento é resolvível. Um Google, cinco minutos, um pouquinho de bom senso já resolve o problema.
Mas você ser ignorante porque quer ser ignorante não dá. Não tenho nem porquê gastar cinco segundos da minha vida desmantelando cada um dos seus argumentos, porque é inútil - você não quer debate, apenas uma briga idiota no qual você sairá resmungando que feminista é tudo agressiva. Porque a verdade é essa: se eu sou um doce, vocês me tratam de forma condescente. Se eu sou agressiva, vocês acham desnecessário.

Então não torrem a paciência.
dicas de novas ofensas pra variar um pouco <3
Parte II - Por que vocês são tão covardes?

Eu não tenho nada contra criar um pseudônimo e começar a falar por ele. Já ~conheci~ pessoas totalmente fakes - descobri depois que elas mentiam sobre suas identidades e tudo relacionado à elas. Sinceramente, tô pouco me lixando pra isso. Não faço questão de que você tenha RG e CPF. A única coisa que faço questão é: não seja covarde. Pelo amor de Deus, NÃO SEJA COVARDE. Não fique no anônimo xingando pessoas no ask.fm se sentindo o fodão, porque, mano, não tem nada mais LOSER do que ficar no anônimo xingando gente. Não fique na beiradinha falando "certas" pessoas estão fazendo isso e aquilo no Twitter. Não fique nas beiradinhas de nada.

Se você tem problemas com alguém, você chega lá e FALA.
Não fique de indiretas no Twitter.

Eu tenho tanto nojo de vocês - vocês, as feministas radfems que passam seu tempo ofendendo ativistas trans*, vocês, as feministas que nem sei que nome dar, porque não se assumem como tal - tanto nojo que nem sei por onde começar. Eu também tenho nojo de vocês - homens que ficam se sentindo fodões enquanto passam seus dias xingando mulheres de vadias porque saiu sextape ou a foto revelou mais de lingerie. Tenho nojo de todos vocês que ficam "ur duh vou ali xingar a pessoa só por xingar". Isso é tão falta do que fazer.

E isso é tão falta de amor.

Sejam mais decentes. Se querem opinar na vida dos outros e refletir sobre militâncias, por exemplo, dêem a cara a tapa. Me dê um nome para que eu saiba com quem devo concordar ou discordar. Se você vier me xingar, me xingue à vontade, mas se dê uma identidade. Não se esconda no anonimato. Personalize seu discurso. E se falta amor na vida de vocês, então arruma algo pra fazer - veja gifs de gatinhos fofos, leia fanfics, assista Game of Throne ou New Girl, cozinhe cogumelos, arrume uma ocupação para ser feliz.

Em vez de encher o saco de forma anônima da galera.
Parte III - Isso não é sobre vocês.

Essa é uma parte sensível. Acho.
A minha avó - que tinha uns pensamentos racistas - era muito educada. Quando falo educada, quero dizer: ela era aquela pessoa que você só sabia que era racista se muito convivesse com ela (eu mesma nem fazia ideia até minha mãe me contar). Porque ela não manifestava isso - ela era educada demais para dizer isso em voz alta. Não era medo de sofrer represália, como vocês podem pensar, até porque ela viveu em uma época no qual os preconceitos dela eram validados e considerados legítimos pela sociedade. Mas é que ela não considerava a si própria o exemplo-mor e não achava que todo mundo tinha que concordar com ela. Ela ficava na dela, com os preconceitos dela, sem ficar enchendo o saco de ninguém com isso.

Acontece que ela foi exceção. Porque há uma tendência de acreditar que o mundo gira ao ~seu~ redor. Exemplos:

"Ah, mas eu acho que casamento gay não tem que ser permitido porque na MINHA religião..."
"Ah, sou contra cotas raciais, como fica EU que sou branco e estudei..."
"Ah, mas a Lei Maria da Penha é machismo, e se EU apanhar, faz o quê?"

MANO.
NÃO É SOBRE VOCÊ.
O mundo não gira ao seu redor.
As leis desse país não são feitas consultando sua opinião.
Ninguém se importa se sua religião proíbe casamento gay ou camiseta verde.
Ninguém quer saber que foi difícil fazer cursinho de 600 reais e passar no vestibular.

Quando se faz uma lei, é pensando naquela categoria específica que precisa de cuidados específicos - porque, sabe, toda a história da humanidade se centrou em VOCÊ - e esqueceu dessas categorias. E agora que esses segmentos da sociedade estão reinvindicando seus direitos, você fica lá de mimimi achando que a missão do planeta é agradar você e respeitar seus princípios. Se você acha errado casais gays se casarem, então é só você não se casar com alguém do mesmo sexo que você. Se você acha errado que cotas sociais e/ou raciais existam, NÃO USE AS COTAS RACIAIS/SOCIAIS. Mas não me venha com lágrimas classe média contando sua triste história porque não convence.

E tenha educação o suficiente para não sair ofendendo pessoas só pela sua liberdade de expressão. Ela não é tão importante assim quando você só a usa para sair desqualificando minorias só por elas existirem. Aliás, sua liberdade de expressão é muito, MUITO menos importante do que a dignidade de todas essas minorias - então, Rafinha Bastos e todos vocês que concordam com esse cretino, por exemplo, vocês não tem direito NENHUM de saírem falando merdas que nos ofendem. Podem fazer o mimimi que for, mas suas piadas não são nem de longe valiosas e importantes o suficiente para a humanidade para que a gente possa deixar passar.

Isso tudo não é uma ditadura do politicamente correto. É uma política por um mundo em que as pessoas convivam com a diversidade de forma saudável. E para que isso aconteça, as pessoas tem que aprenderem a se respeitarem mais - e não é falando merda que isso vai acontecer. Não é botando a si mesmo no centro do universo que vai rolar. E quando as pessoas elaboram projetos de leis e tudo o mais, elas não vão lá e perguntarem o que você acha, como Presidente Supremo, então é melhor abaixar a bola e lembrar que você é UMA pessoa que está em posição privilegiada perante à minoria, então é melhor calar a boca e ouvir.

Sério.

Não fique no facebook agindo de forma patética. Dá vergonha. Seja mais gente, cara, seja mais amor. Feminismo não é sobre machismo ao contrário, feminismo é sobre igualdade. E igualdade é sobre amor. Eu estou aqui falando pra galera se respeitar mais, mas tá difícil. E vocês me dão vergonha, é isso que acontece, e eu só quero me enfiar num buraco e nunca mais acordar. Porque só vejo gente mimizenta berrando que tudo que ela pensa é mais importante do que qualquer outra coisa e fica difícil trabalhar assim. Porque a coisa acontece na base do diálogo e tudo o que cês estão fazendo é gritar cada vez mais alto, e esse diálogo não acontece. Então tudo que posso fazer é mandar vocês catarem coquinho lá no inferno.

E fazer um trabalho de formiguinha com esse blogzinho mesmo.
E encher o saco dos meus conhecidos.
E sempre, sempre procurar incentivar tolerância e amor em todos os espaços que eu ocupar - porque vocês podem envenenar tudo o que tocam, mas eu não estou sozinha aqui. De verdade, eu não estou. E por mais escrotos que todos vocês sejam, ainda assim vocês não vão conseguir me fazer desacreditar dos meus princípios. Simplesmente não vai rolar.

Desculpa aí.
com todo o amorzinho <3 (fonte: fuckyeahsubversivekawaii)

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