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domingo, 11 de agosto de 2013

Sororidade 101: sobre feministas brancas, cisgêneras e classe média.

Audre Lorde :)
Sororidade é um conceito muito bonito. Na teoria.
Ele diz respeito basicamente sobre irmandade feminina, para se contrapor ao conceito de camaradagem masculina. Significa mulheres se amarem e se respeitarem, defenderem uma a outra, apoiarem-se nos momentos difíceis e formarem uma união para ficarem mais fortes. É lindo. Não tem nada mais bonito que ver pessoas agredidas se unindo para se defenderem, pessoas vulneráveis aprendendo a se amarem. Mas como todas as coisas bonitas da vida, sempre tem quem transforme o conceito em desculpa para fomentar lixo verbal.

Eu sinto que tenho que ser muito clara a esse respeito para me fazer perfeitamente compreendida, e é basicamente:

sororidade é o caralho.

Tem um diálogo no segundo episódio de Bomb Girls no qual a protagonista, uma moça rica, está com as outras moças (todas pobres) para trabalharem na construção de bombas na II Guerra Mundial. Essa moça rica começou a trabalhar para desafiar sua família e por acreditar em sua pátria. Ela teve uma escolha e, por vontade própria e contra a vontade de sua família, deixou de ser secretária e se aliou às outras garotas para trabalhar na linha de montagem. Ela não precisa daquela profissão para se sustentar. Aquelas outras moças, porém, dependem do emprego para terem o que comer. E então, quando todas estão enfileiradas, a garota rica diz:
"Sou como todas as garotas aqui"
Então sua chefe apenas ergue os olhos e pergunta às outras: "e então? Ela é como todas vocês?"
As outras mulheres não conseguem suprimir o riso.

São todas mulheres, brancas, presumidamente heterossexuais e cisgêneras. Elas reunem diversas características semelhantes. Porém uma era rica e as outras não, e isso não permitiu que elas conseguissem se identificar com a garota rica. Porque a questão da classe marcava-as de forma violenta, porque enquanto a mais rica tem condições de discordar dos seus chefes e de se opor aos homens abertamente - porque ela não tem família para sustentar - as outras aceitam condições humilhantes porque precisam daquele trabalho. Essa diferença de classe distancia a personagem das outras e foi apenas, só uma questão de classe. Imaginemos, então, como podemos lidar com tais questões quando temos mulheres transgêneras, negras, pobres, latinas, lésbicas, bi/pansexuais, deficientes? Como podemos, então, dizer que a bandeira do feminismo atende à todas igualmente, com suas necessidades específicas?

Como podemos usar do discurso da sororidade quando as correntes tradicionais do feminismo ignora questões de classe e cor, por exemplo? O que é sororidade quando uma feminista abertamente é racista e as outras apenas tentam pôr panos quentes? As pessoas vivenciam opressões de modos diferentes, e dizer que uma única questão se sobrepõe à todas as outras é ignorância. Dizer que "a mulher nunca oprime" é estúpido. Dizer que "a cor sempre se sobrepõe ao gênero" é estúpido. Dizer que há questões que podem ser deixadas em segundo plano, "para depois", não é apenas estúpido, mas também criminoso porque enquanto o movimento feminista e o movimento LGBT ignora a existência das pessoas transgêneras, tratando-as em segundo, terceiro, quatro, décimo lugar, essas pessoas estão sendo expulsas de casa, desempregadas, forçadas à prostituição e assassinadas nas ruas. E o próprio movimento trans* acaba por violar a existência das pessoas não-binárias, tentando enquadrá-las em formatos binários aceitáveis, acabando por culpar essas pessoas pela não compreensão do "público leigo" do próprio conceito de transgeneridade (que era algo que eu não sabia que acontecia até hoje, ao ver o caso de Tereza). E nunca, nunca podemos nos servir da linda e maravilhosa sororidade quando nós machucamos as pessoas que deviam ser as nossas aliadas.

E aqui, novamente, eu faço uma crítica à diversas feministas: criticar vocês abertamente é falta de sororidade? Eu declarar publicamente que eu não gosto de vocês, que eu não me alinho a vocês, que eu não fecho com vocês é falta de sororidade? O fato de vocês serem mulheres, Nádia e Lola e Caitlin Moran e tantas outras que não recordo o nome, não significa que eu feche com vocês o tempo todo. Podemos compartilhar o fato de termos uma vagina, o que nos confere a cisgeneridade e todos os privilégios decorrentes disso, e podemos compartilhar sobre a nossa vivência de sermos mulheres ocidentais e protestarmos contra salários menores ou algo assim. Mas é tão confortável, não é? Nunca nos criticarmos, sempre sermos aliadas e dar cobertura uma na outra quando alguém fala merda. Fingir que racismo, transfobia, capacitismo e todas essas coisas são irrelevantes. Ou, ao menos, menos importante para a causa - porque o que importa é ser mulher, não é? O resto é apêndice.

Mas não é.

Todas as minhas outras condições não são apêndices. Minha deficiência auditiva, meus cabelos e minha cor de pele que não me permitem ter 100% de passabilidade branca, minha classe social: essas coisas não são apêndices, são características minhas que se cruzam com eu ser mulher. Eu vivencio ser uma mulher muito diferente de vocês. E enquanto Caitilin Moran pode se dar ao luxo de dizer que "não dá a mínima" para questões raciais porque ela é branca em uma sociedade ocidental, eu não posso fazer o mesmo. E enquanto Nádia, do Cem Homens, pode se dar ao luxo de dizer que "mulheres não podem oprimir" ou Lola pode apenas atenuar questões de transfobia em sua caixa de comentários, bem, eu tenho que ver minhas amigas com seus nomes contestados e precisando de laudos psiquiátricos para conseguirem justificar suas existências diante do Estado. É tão confortável, não é? Achar que ser mulher cobre tudo. Que eu sou uma mulher da mesma maneira que Caitlin ou Lola, como se não houvesse recortes de cor, classe, orientação sexual, identidade de gênero, nacionalidade e tantas coisas, recortes cruéis que marcam bem as nossas diferenças. 

achei no google e perdi a fonte, desculpa :(
Veja bem, não estou aqui propondo que essas mulheres todas são inimigas. Muito menos considerando que homens - do outro lado no espectro sexista da coisa - são possíveis aliados. Porque se nem mulheres conseguem realmente perceber que ser mulher não as isenta de fazer outras merdas racistas, transfóbicas, etc., imagine então homens. Nisso, confesso ser taxativa: eu dedico pouca esperança aos homens. Eu acho muito cansativo conversar com homens no geral a respeito do feminismo porque a maioria esmagadora simplesmente não consegue entender uma fração que seja do que é ser mulher. Parece que mesmo quando possuem algum desprivilégio (ser gay, ser pobre, ter alguma deficiência), ainda assim o "ser homem" cobre tudo e a falta de empatia é uma coisa incrível. Simplesmente não tenho paciência e o meu feminismo costuma ser frequentemente direcionado para dialogar com mulheres. O meu feminismo sempre foi sobre mulheres, para mulheres, por mulheres.

Por isso as minhas críticas à vocês. Eu acho urgente que se desenvolva uma consciência dentro do movimento feminista para que a gente passe a coibir atitudes racistas, transfóbicas, homofóbicas (bifóbicas também), classistas, capacitistas, gordofóbicas, etc. Acho urgente que se pare de acreditar que o feminismo abarque todas no mesmo barco, cobrindo todas com o mesmo manto de "é mulher", ignorando completamente todas as outras classes sociais em que a pessoa faz parte. Eu critico abertamente porque eu não acredito em intrigas ou indiretas como métodos válidos de diálogo. Uma das coisas mais importantes para uma feminista não é nem ela nunca errar, mas reconhecer seu erro e saber se posicionar claramente. Quando uma feminista é transfóbica e nega claramente, recorrendo à subtefúrgios como "cadê sororidade" ou "mulher nunca oprime", ela não está apenas se recusando a reconhecer seu erro, mas também fazendo parte da classe dos algozes de pessoas trans.

Isso não é uma "questão de opinião".
Isso não é uma questão de "que ninguém é perfeito".

As pessoas falam merda. As pessoas fazem merda. A diferença está entre você ser covarde para fingir que não fez merda ou ser uma pessoa decente e admitir que fez merda, pedir desculpas e não repetir mais. Essa é uma diferença tão básica que me pergunto, seriamente, como é que conseguem tropeçar nisso.

Então, fechando aqui o texto, vão ao inferno com "sororidade". Não porque o conceito, em sua definição básica, seja ruim: ele não é. Eu acho importante mulheres aprenderem a se verem como aliadas, amigas, companheiras. Acho importantíssimo desconstruir a famosa rivalidade feminina e perceber como acreditar nisso nos impele uma contra a outra. Mas toda vez que eu vejo feministas se servindo desse conceito, é sempre pra abafar a merda que uma ~companheira~ fez e eu não tolero esse tipo de comportamento. Não aceito que feministas que critiquem outras feministas recebam censuras de "falta de sororidade" só por terem ousado desafiar suas próprias "irmãs" para apontar racismo ou transfobia, por exemplo. Não venham para mim e digam que "mulher não pode oprimir", porque pode sim. Mulher não é só mulher. Mulher também é branca, rica, heterossexual, cisgênera, sem nenhuma deficiência. E pessoas brancas, ricas, heteros, cisgêneras oprimem. Ser mulher não confere à ela uma qualidade mágica de nunca oprimir nenhuma pessoa no mundo. Ser mulher não as isenta de ter outras características opressoras. Vou repetir isso até cansar porque parece que galera não entende. Qualquer pessoa pode oprimir qualquer pessoa - basta ela ter algum privilégio sobre alguém que não tem esse mesmo privilégio. Eu não me alinho com mulheres que sejam racistas ou transfóbicas só porque são mulheres, porque eu não acredito em feminismo que não seja para todas. Eu não acredito que é válido escolher x mulheres que defenderei.

É incômodo? Sim. Esse tipo de ideia incomoda às pessoas? Sim. É desconfortável perceber que você tem esse poder de oprimir outra pessoa com sua cisgeneridade ou heterossexualidade ou mesmo sua cor de pele? Sim. Mas seu desconforto nunca chegará perto de toda a discriminação histórica que essas pessoas sentem. Por mais horrível e desconfortável que eu me sinta percebendo a minha identidade cisgênera e de como ela oprime minhas amigas trans*, todo meu sentimento nunca chegará perto de toda a saga de sofrimento e exclusão que elas sofrem. Eu dizer que eu não posso oprimir porque "sou mulher" é mentiroso. Mas esse tipo de sentimento - o de desconforto - nunca, nem por um segundo, deve deixar de existir para não ferir a "sororidade".

Sororidade é um conceito lindíssimo.
Atenham-se à ele. Parem de usá-lo como uma desculpa esfarrapada e fingirem que não erraram. Parem de fazer de conta que ser mulher une a todas nós de forma igual e mágica, porque não une. Por favor, parem de ignorar as muitíssimas opressões que todas nós vivemos e achar que elas são menos importantes do que "ser mulher". Parem de dar cobertura às feministas racistas e transfóbicas. E, por tudo que for sagrado nesse mundo, parem de falar da misandria como se fosse uma ~pauta do movimento~ e prestem mais atenção nas suas próprias "irmãs" que estão sendo agredidas pelo próprio feminismo por serem trans* ou negras, como gostam de dizer. Porque essas mulheres estão sendo violentadas duas vezes, uma pela sociedade patriarcal e outra pelo movimento que diz que representa-as. E isso é tão triste que eu não sei nem por onde começar a lamentar.

Eu só digo isso à vocês. Não aos homens, mas à vocês: feministas que falam tanto de sororidade, empatia, irmandade, empoderamento. Por favor, apliquem todos esses conceitos de verdade. Não selecionem suas "irmãs". Desçam do pedestal dos outros privilégios que vocês possuem e sejam menos arrogantes. Ou... podem fazer o feminismo de vocês excluindo metade das mulheres. Sem problemas. O feminismo branco e limpo. Não tem problema.

Cada um sabe da sua consciência. Fiquem com a sua sororidade... para as irmãs brancas, cisgêneras e classe média. Euzinha e mais outras iremos trabalhar em outras frentes <3

"Apóie suas irmãs. Não apenas as irmãs cis" (fonte: fuckyeahsubversivekawaii)

71 comentários:

  1. Amei o texto, ele representa direitinho a minha forma de pensar e agir; até compartilhei no facebook, só para deixar claro o quão bom eu achei.

    Só me senti incomodada com uma parte do texto: "Mulher não é só mulher. Mulher também é branca, rica, heterossexual, cisgênera, sem nenhuma deficiência. E pessoas brancas, ricas, heteros, cisgêneras oprimem."

    Eu entendi linha por linha o que você quis dizer e concordo. Acho que essa frase, "qualquer pessoa pode oprimir qualquer pessoa - basta ela ter algum privilégio sobre alguém que não tem esse mesmo privilégio", foi muito bem pensada, mas a palavra "privilégio" deveria ser usada entre aspas.

    O que me incomodou foi você ter dito de forma agressiva e generalizada que todas as mulheres brancas, ricas, heterossexuais, cisgêneras, sem nenhuma deficiência, oprimem. Concordo que em algum momento da vida, seja na infância ou alguns até mesmo na terceira idade, as pessoas vão oprimir alguém. Talvez isso fuja do foco que você quis intensificar no texto, mas negros também se oprimem e oprimem outros. Homossexuais também oprimem. Tenho um tio gay e quantas vezes não ouvi ele chamar um gay de "bicha" pela forma que ele falava, ou chamar uma mulher de piriguete pelas roupas que usava?

    Entendo que, infelizmente, na nossa sociedade, as pessoas com as características físicas/econômicas que você citou, tenham uma certa "vantagem" sobre outros, mas posso dizer que ao ler aquela sua primeira frase, eu me senti ofendida. Foi como se uma negra lesse uma pequena frase racista, às vezes "sem a intenção" de pregar o racismo, às vezes escrita de forma inconsciente (e eu sei que é lamentável uma pessoa estar tão acostumada com o preconceito ao ponto de agir preconceituosamente sem perceber).

    Mas devo te agradecer por ter escrito essa frase, pois pela primeira vez na vida eu me senti oprimida por ser branca, classe média, heterossexual e sem deficiência. Pela primeira vez eu senti como é fazer parte de um grupo e ser julgada pelo mesmo pelas minhas condições financeiras e físicas. Sei que sua intenção não foi julgar, mas foi assim que me senti. Foi como se eu tivesse sido excluída de um grupo onde eu defendo as mesmas ideias e, não, isso não é uma crítica ruim ao seu texto! Muito pelo contrário, é só um desabafo e tenho que reforçar que, com isso, o feminismo dentro de mim cresceu (e eu pensei que não pudesse crescer mais). A vontade de lutar contra a opressão geral, cresceu.

    Espero que entenda e, mais uma vez, obrigada.

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    1. Confesso que no momento que você disse que se incomodou e se sentiu ofendida ao ler essa frase sobre a generalização acerca as feministas brancas, cisgêneras, etc., eu senti que meu objetivo ao escrever esse texto se completou. Me sentiria muito frustrada se esse texto não fizesse mulheres com tais especificações não se sentirem nem um pouquinho incomodadas.

      Você está certa, minha intenção não foi julgar. Mas meu texto não foi inocente nesse aspecto: eu generalizei propositalmente. Eu quis que mulheres como você se incomodassem e percebessem seus privilégios, e isso só vai ser possível com provocações do gênero. Eu fico enormemente feliz de ver que você gostou do texto e se sentiu tocada com ele, e de conseguir provocar uma reação emocional que possa ser um pouquinho, só um pouquinho, parecida com a exclusão e discriminação que nossas colegas sofrem por diversos motivos.

      Não é bem uma opressão, não é? É um incômodo de perceber os nossos próprios privilégios. É perceber que não podemos estar confortáveis para sempre. Você percebeu isso só agora. Infelizmente mulheres negras, por exemplo, não tem a mesma sorte: o mundo lembrará à elas da cor que elas possuem e do papel que devem cumprir. Todos os dias.

      Um comentário como o seu me deixa feliz, porque é um desses momentos que eu lembro pra quê, afinal, eu escrevo :)

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    2. Peço desculpas por me intrometer, mas achei excelente o objetivo da generalização, para incomodar mulheres como ela, que óbvio se incomodou por saber que não é generalizado, mas assim já é um alerta para outras mais. E magnífico texto, não faço parte de grupos feministas, mas assim como, torço e luto pela liberdade e igualdade de todas nós!

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    3. Análise interessante. Só um adendo que já fiz para mim mesma inúmeras vezes: se todos "abrissem mão" de seus "privilégios" para estar ao lado de quem necessita, o mundo não seria como é. Não seria hipocrisia das moças "pobres" que julgaram a "moça rica"? Já que se elas estivessem no lugar da "rica" nunca iriam ajudar a elas mesmas? Estariam curtindo seu próprio conforto? Além disso não adianta falar que existe o véu invisível da "casta" se as próprias pessoas não começarem a perceber que elas criam esse véu. Se as trabalhadoras, ao invés de debochar da fulana, percebessem o sacrifício que ela fez de abrir mão do conforto para apoiar uma causa, talvez muitos problemas já tivessem sido resolvidos.

      Aliás, eis um grande problema da dita "humanidade", o ego.

      E, não, não estou "defendendo a pobre mulher-rica-branca-cis". Estou dizendo que deveríamos (de um modo geral) parar de estereotipar pessoas e diminuí-las por x ou y. É muito grave que alguns "véus invisíveis" ainda impeçam a luta. Existe o véu do racismo, o véu do cissexismo, o véu do heterossexismo... E o véu do "não vou ajudar porque é cis/rica/branca/então não merece lutar ao meu lado porque não conhece a minha dor". Quanto mais união, melhor e mais véus vão sendo destruídos.

      É uma questão de humildade. Sabe, não sou branca, nem rica. Sou cis, é verdade. Mas demorei a perceber o conceito de humildade. Sempre achei que ser humilde era não se julgar superior e apenas isso, mas o que fazemos o tempo todo é nos julgar inferiores seja por cor ou classe social e através disso desmerecer o sofrimento e o esforço alheio.. Se julgando inferior, secretamente você queria ser "superior" e provavelmente seria o tipo de pessoa que você repudia. Humildade é saber que você é igual. Nem maior, nem menor. É difícil parar de se policiar, se cobrar e se achar pior. É saber abaixar a cabeça, dar e principalmente receber sem olhar a quem.

      Claro que é utópico demais esperar essa empatia nos dias de hoje, mas tenho o sentimento que se todos começassem a olhar para si antes de olhar para os outros, muita coisa estaria diferente.

      PS desculpe eventuais erros de português ou excessos de explicação. Estou com bastante sono, não deveria estar pitacando em nada aqui. hahaahah

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    4. *continuando o anterior, só mais um comentário:

      Eu como mulher negra precisei esquecer que existem cores.

      As vezes o mundo me lembra que elas existem, mas eu, principalmente eu, precisei tirar o 'negro' da memória para poder viver bem comigo mesma.

      Muitas vezes me vi de costas pro mundo, armada até os dentes e entendia qualquer comentário como ofensa.

      Mas nem sempre o que funciona para mim é o ideal para o resto do mundo.

      Mas é importante aprender a viver leve.

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  2. Poderia comentar melhor o episódio envolvendo a Lola?

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    1. Eu farei melhor. Te darei o link do post. Está na caixa de comentários, a partir do comentário de Jiquilin, creio eu. Pode ver, com seus próprios olhos, como se deu o andamento da história. Os nomes estão lá, os posts estão lá, a agressividade idem. Nada foi deletado, até onde eu vi aqui. Depois disso, você pensa e tira suas próprias opiniões em vez de se basear em algo que eu disse ;)

      http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2013/03/e-dia-internacional-da-mulher-e-quem.html

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    2. no comentário que acabei de fazer disse que não tinha acompanhado a postura de nenhuma delas nos casos que você citou, mas acabei de ler os comentários no post da Lola e fiquei muito, muito triste.
      é mesmo lamentável essa forma de agir com dois pesos e duas medidas quando estamos falando de mulheres trans* :(

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  3. A Lola perdeu a moral comigo a partir do momento em que propõe que estupradores são vitimas que devem ser perdoadas

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    1. Eu mal consigo me lembrar daquele post sem um aperto no coração de tristeza :(

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  4. muito bom, luna.
    sou branca, classe média, cis, e o texto só não me incomodou como à grazielle, pois tudo que você colocou aqui já vem incomodando há um bom tempo, graças à saffioti, e sueli carneiro, rs. precisamos entender que temos sim privilégios e parar de invisibilizar esse debate no feminismo. PRECISAMOS PARAR DE CALAR nossas companheiras trans*, negras, lésbicas, com necessidades especiais...enfim. precisamos parar de usar a sororidade quando convém, colocando os tais 'panos quentes'.

    sabe,essa é a primeira vez que comento as tais polêmicas que envolvem as "feministas da internet"(haha) pois em geral isso me deixa muito chateada: vejo mais brigas de egos que outra coisa. cansa, dá preguiça.

    mas você chegou num ponto que é fundamental e que acho, nunca tinha visto alguém tocar dessa forma: sim, todas podemos falar merda, errar,pois o processo de desconstrução desses conceitos todos é ás vezes muito lento!então é praticamente impossível não errarmos nele. o grande problema está em não admitir o erro.
    me lembro, em meu grupo feminista, quando quase chorei ao debater com minhas companheiras o direito que uma mulher trans* tinha de usar o banheiro feminino (CARAMBA!) e elas não conseguiam entender. hoje, muitos estudos e debates depois, todas defendem esse direito de forma linda e embasada.

    Por conta disso, às vezes acho que precisamos ter mais paciência com Lola, Nádia e afins. Confesso em nenhum dos casos eu acompanhei suas posturas, nãos ei se ainda estão no seu tempo de reflexão e "aprendendo com o erro". Acho que esse seu texto vai fazê-las relfetir, por exemplo.

    Não estou propondo, obviamente, que nos amemos todas incondicionalmente e nenhuma crítica seja feita, pois justamente as críticas levarão à reflexão. Mas sinto que algumas críticas às vezes são muito definitivas, como se fulana ou ciclana não pudessem voltar atrás, ou como se o erro fosse imperdoável. (aqui repito: não acompanhei a postura das feministas citadas em nenhum dos episódios)

    Bom, por tudo que já vivi, acho que não devemos encerrar as possibilidades de mudança. Só eu sei o quanto mudei desde que descobri o feminismo...e só o futuro sabe o quanto ainda vou mudar.
    Ficou totalmente confuso meu comentário, mas acho que coloquei um pouco do que gostaria. Gostei muito do teu posicionamento e espero que ele faça as feministas que refletem pouco sobre seus privilégios e menos ainda sobre seus erros, refletirem cada vez mais.

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    1. Olha, considerando que a Nádia fica repetindo o tempo todo "mulher não oprime" - o que pe uma mentira asquerosa, porque mulheres hetero vivem oprimindo a mim e outras mulheres, mulheres cis vivem oprimindo mulheres trans, mulheres brancas oprimem mulheres negras.... - e que ao ser mostrada um vídeo de mulheres cis espancando uma mulher trans veio com uma desculpa de que isso não era transfobia, era só o patriarcado.... não sei.

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    2. Ah, desculpe, não tinha visto seu outro comentário.

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    3. Eu concordo plenamente com você, Pati: todo mundo erra e todo mundo acerta. Respondi só depois da sua outra resposta, então você já percebeu que tivemos até bastante paciência com Lola. Infelizmente... =/

      Eu, particularmente, tenho muita paciência quando se trata de transfobia, de tentar explicar os termos, essas coisas. Mas isso é porque eu sou cis e eu não tenho que lidar com as merdas de ser trans o dia todo, não é? As mulheres trans tem que lidarem com desemprego, marginalização, receios que nunca conseguiremos imaginar. Eu acho impossível cobrar paciência delas.

      Então eu, como cis, meio que passei a tentar ajudar nisso, nesse exercício de paciência diária. Não falo em nome delas, obviamente, mas tento ajudar nem que seja pra explicar os termos certos para um amigo.

      Eu também espero muito que haja maior conscientização. Espero muito. Se não esperasse, não tinha escrito isso rs ^^~

      Muito obrigada pelo seu comentário, que foi muito pertinente. Eu também mudei muito com o feminismo... onde estaremos nos próximos anos? rs :D

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    4. Nicole: eu não fazia IDEIA dessa história do vídeo relacionada à Nádia. O que posso dizer? Apenas...
      é.
      Nem me surpreende :(

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    5. E ela nem viu o vídeo, Luna. Ela colocou essa ideia desonesta e imbecil de que "mulher não oprime" na cabeça e fica usando de escudo.

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  5. Muito obrigado pela sua escrita. O seu artigo faz com que eu veja (mais uma vez) que eu, apesar de ser homossexual, de classe média baixa e preocupado pela luta contra a discriminação, seja ela qual for, a condição de ser homem e branco é, apesar de mim, um privilégio e uma condição opressora. A minha presença oprime - e não é nada confortável perceber isso no dia a dia. Eu entendo a força, dentro de sua escrita, da passagem onde você diz que "ainda o 'ser homem' cobre tudo" e que "a falta de empatia é uma coisa incrível", pois é este o discurso pretensioso do "homem",criando barreiras e pouco afeito a diálogos com as diferenças. Muito obrigado!

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    1. De nada! (=^o^=)

      Eu espero que você sempre esteja reavaliando suas posturas e cuidando para que seja uma presença segura, mesmo com seus privilégios. Todos nós que possuimos tantos privilégios podemos fazer bastante coisa para apoiar, apenas precisamos nos policiar para nunca julgar e nunca tentar protagonizar :)

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  6. Eu sei que pra mim é muito fácil fazer justamente o que você falou: fechar os olhos e achar que pratico um feminismo consistente. Sou branca, de classe média e relativamente bem sucedida. Mas vou confessar, existem tantos conceitos, nomenclaturas e coisas que ainda não li e não conheço. E eu admito que eu sou novata e até meio ignorante na questão de feminismo. E você tem razão nas coisas que diz: não adianta pintarmos uma igualdade que muitas vezes não existe. Eu sou só um ser errôneo, tentando corrigir minhas falhas. Obrigada pelo texto, vou prestar mais atenção nas minhas atitudes. Eu acredito que amo não só as mulheres, mas tento amar todas as pessoas..até mesmo aquelas que eu não entendo e não consigo classificar ou rotular (gay, trans, etc). Continue se indignando e mostrando pro mundo as coisas que você pensa. Um abraço

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    1. Embora seja importante aprender os conceitos e os termos corretos, é muito mais importante você ter empatia. É normal se sentir ignorante sobre tantas coisas no movimento, porque ele é tão plural e fala sobre pessoas tão diferentes e isso é maravilhoso, mas assusta sim.

      O principal, ao meu ver, é a empatia e humildade e você não precisa de teoria para isso. Essas duas coisas são absolutamente essenciais para nós, pessoas com privilégios, para que possamos entender as outras pessoas e não apoiar a opressão contra elas.

      Eu fico feliz que você se atente para tais coisas e espero que você mantenha-se sempre assim =^-^=

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  7. guria, que baita texto. mesmo. tu tá certíssima e eu entendi cada linha. é inaceitável essa postura dentro do feminismo. quanto à desesperança com os homens, confesso que também me sinto assim na maior parte do tempo. é como descascar uma cebola, quanto mais camadas... não estou de forma alguma querendo dizer com isso que eles são pobres vítimas ou que não têm total responsabilidade por isso. apenas que, quanto mais privilégios a pessoa tem, mais ela tem que se esforçar para abandoná-los. ela tem que realmente querer. porque muitas vezes isso significa romper laços familiares e de amizade. abandonar pessoas que você ama. ser abandonada por elas. é como descer uma escada enorme. e o "teu mundo" vai ficando para trás, lá em cima. e não existe outra maneira. não tem como ficar no meio da escada. eu sei que isso não chega nem perto do que os oprimidos já sofreram e ainda sofrem diariamente. é por isso que sigo e seguirei sempre "me descascando" heheh e descendo a escada, até o final (sou mulher, branca, cis e hetero). conheço alguns pou(quíssimos) homens (acho que são só dois de quem posso falar isso infelizmente) que também se empenham em fazer isso e são eles que não deixam morrer minha esperança no sexo masculino rsrs.

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    1. Eu gostei da sua analogia com uma escada hahahaha. Me visualizei descendo ela até um lugar que não saberemos exatamente qual é, e imaginando que as pessoas estão em diferentes degraus.

      Eu concordo que é difícil para uma pessoa com privilégios reconhecê-los. Não que se compare à opressão, óbvio, mas essa pessoa terá suas dificuldades para lidar com isso à sua maneira. É como você disse: temos que cortar laços, ser abandonada por pessoas pela mudança de posturas, etc.

      Mas acredito, sinceramente, que o ganho é maior <3
      Ok que você se estressa mais, sente mais raiva e quer chutar o mundo todo dia, mas a sensação de perceber que as pessoas ao seu redor não te consideram particularmente uma ameaça e, até mesmo, consideram "seguro" estar com você compensa tudo isso.

      Eu também conheço pouquíssimos homens que eu diria que são "legítimos" feministas ou algo do gênero. É extremamente triste reconhecer isso, mas é verdade :(
      Mas ainda tenho esperança. Vamos que vamos! :)

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  8. ahhhh, ainda, se tu não te incomodar, queria saber tua opinião sobre o Alex Castro enquanto "homem feminista". não sei se tu conhece... ele escreve bastante sobre todas essas múltiplas opressões, numa linha bem parecida com a do teu texto. enfim. abraço!

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    1. Eu sei quem é Alex Castro, não é o rapaz que cuida do Classe Média Sofre? Eu adoro esse tumblr :D

      Eu já vi um texto dele "ensinando" feminismo aos homens, mas foi bem na época que ele publicou. Na época, achei o texto apropriado considerando o público com quem ele estava falando. Acho importantes homens falarem com seus ~camaradas~ sobre feminismo, empatia, etc.

      Porém só sei disso. Já ouvi muitas críticas sobre ele, de que seria um ~homoexplicanismo~ e que ele não aceita críticas. Se isso for verdade, é problemático.

      Eu nunca fui atrás pra saber "dele", porém. Só sei que ele mantém o CMS, escreve algumas coisas pro Papo de Homem que nunca visito e li esse texto, inclusive.

      p.s.: eu lembro, porém, que Nádia criticou esse texto porque Alex disse que não existia feminismo radical - porque nunca é radical lutar pelas pessoas, algo assim. Nádia é uma radfem, pelo que sei, e entendi a revolta dela, mas eu realmente considerei que Alex não fazia ideia dessa vertente específica e estava apenas se referindo à noção clássica de "feminismo radical extremista bla bla bla". Mas pode ser ingenuidade minha, não procurei me aprofundar :)

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    2. guria, eu sigo ele no face e acho ele ótimo. nunca senti q ele não aceitasse críticas, pelo menos nunca percebi nada nesse sentido. mas tmb não boto minha mão no fogo por ninguém. rsrs. de qualquer forma acho q vale a pena tu dar uma conferida e tirar tuas próprias conclusões. abraço ;)

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  9. Oi Luna, tudo bem? Meu nome é André Diniz. Seu texto é excelente. E o maior indicador da qualidade do que você escreve é o quão ele incomoda as leitoras (e os leitores). Sou homem, branco, de classe média. E ainda que minha condição homossexual me permita aproximar "um cadim" da experiência de opressão a que estão submetidas as mulheres de forma geral, essa condição não anula meus outros privilégios.

    Isso independe de vontade, ou melhor, de boa vontade. Posso ser a pessoa mais bem intencionada do mundo, mas minha cor branca, meu sexo e minha condição econômica marcam a forma como as pessoas me reconhecem. E marca também a forma como eu olho pro mundo. Acho que o feminismo me ajuda a racializar minha experiência, generificar minha experiência, classicizar minha experiência, sexualizar minha experiência. Mas, de fato, concordo com você que isso não impede que esses sistemas de poder se atualizem através de mim, diariamente.

    Acredito que reconhecer o que você diz é o primeiro passo para alguma mudança. Por minhas condições específicas (homem, branco, classe média), aproximar-me de condições de subalternidade e solidarizar-me com elas, certamente acontecerá menos por sororidade do que pela reflexividade. Do meu ponto de vista, frágil e parcial, o feminismo é uma lente. Uma forma de traduzir o mundo. Um jeito de interpretar a realidade e transformá-la. A experiência, tal qual apresentada por J. Scott, é uma potência para o feminismo. Mas creio que a reflexividade também é uma condição que nos permite identificarmos com o feminismo. Se somente a experiência determinasse a identificação com o feminismo, iríamos dizer que uma mulher negra é mais feminista que uma mulher branca. E, claro, isso não é uma relação muito razoável.

    Acredito que essas duas dimensões da experiência política, experiência e reflexividade, alidas, podem constitui-se como estratégias para minimizar os efeitos nefastos de nossos privilégios. Meu corpo e minha experiência dificultam (quando não impossibilitam) minha aproximação solidária de mulheres, negr@s, trans, etc. Mas busco construir uma aproximação possível, pela via da reflexividade.

    Vamo q vamo...

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    1. Não que eu queira dar medalhinhas nem louros (porque né, sem necessidade), mas eu fico realmente feliz quando vejo homens que conseguem entender o ponto básico do privilégio masculino. Me dá um pouquinho de esperança. É como quando vejo pessoas brancas reconhecendo que racismo existe e se posicionando criticamente a respeito.

      Eu acho importante você buscar se aproximar das pessoas mulheres, negras, trans, etc. É óbvio que você nunca poderá protagonizar o feminismo, sendo homem, assim como muitas feministas nunca poderão protagonizar o movimento LGBT, etc. Mas, sim, é fundamental para você analisar sua própria experiência e perceber como as opressões se interseccionam. ;)

      Gostei dos pontos sobre experiência e reflexividade, nunca havia analisado e dividido dessa maneira, acredito eu. É interessante, afinal pessoas privilegiadas não tem a experiência, porém podem se identificar com o movimento por muitos fatores (acho que é isso que você chama de reflexibilidade? De refletir criticamente a respeito, de ter empatia, de conseguir achar pontos de semelhanças para identificação?) e isso faz com que essas pessoas privilegiadas se esforcem para não oprimirem ninguém apenas com a sua presença.

      Se for isso que eu entendi, é uma boa. Assim como sua experiência te dificulta a se aproximar inteiramente de mim, por ser um homem, a minha experiência como cis me impede de me aproximar inteiramente das pessoas trans. Mas devemos sempre tentar a aproximação, sim. Sermos pessoas empáticas e tentarmos transformar os espaços em lugares seguros, exercemos um discurso de respeito e todas essas coisas que podemos fazer :)

      No mais, como você disse, vamos que vamos! <3

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  10. Adorei seu texto, Luna. (aqui é @patriciacok do Twitter, aka Marie Kath da Capricho hahaha)
    Esse negócio da Lola me deixou ainda mais bolada com tudo isso. Primeiro eu tentei entender o lado dela, mas quanto mais eu penso no assunto mais fica difícil defender a atitude dela. Não foi nada legal.
    E tem horas que me dá MUITA vontade de pular do barco. Eu estava até comentando isso ontem. Não é de simplesmente abrir mão das minhas convicções, mas simplesmente deixar de expor (o que eu faço cada vez menos), de tentar debater. É triste desistir, eu sei, e eu ainda sou muito nova pra estar fazendo isso, mas... Tem dias que dá vontade de esfregar na cara do patriarcado meu feminismo, mas na maioria deles só dá desânimo e vontade de ir pra casa.
    Obrigada pelo desabafo. É isso. Acho que eu tô precisando conversar mais com meninas com o mesmo posicionamento, pra ver se eu pego um gás.

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    1. Marie Kath!!!! <3333

      Eu entendo totalmente seu desânimo, tipo, TOTALMENTE. Dá vontade de desistir, de simplesmente ir deixando povo se matar. Eu lembro de como era, de quando nós nos apoiávamos nas discussões e é tão frustrante porque são os MESMOS ARGUMENTOS que nós enfrentávamos cinco anos atrás, não é? Boring.

      Mas, sabe, preze pela sua saúde mental. Isso é o mais importante. O seu bem-estar está acima de provar seu ponto cada uma das discussões online ou não. Porém não pula do barco não. Respira fundo, desacelera, mas esteja com a gente sempre <3

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  11. Aliás, quando li seu texto pela primeira vez, também me senti meio "ofendida", pq sou branca, cis, hétero, classe média. Mas entendi seu ponto. E venho pensando com muito carinho nele. <3

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  12. Não concordo que ser branca, cis, etc. faça com que eu oprima assim, simplesmente por ser. Eu não sou 100% branca, nunca passaria como uma em um país do "norte" do mundo. Eu sou classe média baixa, razoavelmente(por falta de palavra melhor) privilegiada. Sou bonita e desenvolta. Sei que talvez o modo como eu costuma agir deve fazer várias pessoas pensarem "eu não posso". Mas eu não excluo ninguém. Eu incluo todo mundo no feminismo e sempre fiz de acordo com meu conhecimento de causa (sobre trans* conheço a pouco mas já fui procurando me aprofundar logo de cara). Pq a questão é empatia mesmo e não ser arrogante pra achar que sua palavra vale mais do que quem sente na pele. Você inclusive não colocou no seu texto o preconceito que as feministas têm com as prostitutas. Mas ok.
    Só vim aqui pra dizer que simplesmente ser algo (brancx, cis, hetero, rico, classe média, etc) não oprime simplesmente. Isso também é estúpido de se pensar. Claro que tem gente que já se sente incomodado perto daquela pessoa que "tem o que ela não tem" de acordo com os "requisitos da sociedade" elitista (que é elitista independente do sistema econômico pelo qual o mundo já passou). Mas se sentir incomodado sem a outra pessoa fazer nada é resultado de outras ações de outras pessoas ao redor do mundo e não necessariamente da pessoa. Não quero criar um "femismo" uma "misandria" um "preconceito racial com brancos" por mais que isso seja emponderador. Não concordo com isso. Não to aqui pra excluir ninguém. nem os brancos cis ricos e heteros(desde que não abram a boca pra ser preconceituosos. hehe). *Simplesmente ser algo não acho que é opressor. A ação é opressora. O que uma pessoa faz é opressor ou não e geralmente tem intenção de ser ou não tem a mínima preocupação em não ter sido.
    Não li nada até agora que tenha usado o conceito de sororidade pra isso que vc disse e nem duvido do que vc disse. (ok, talvez um pouco sobre o texto da nádia que suspeito ter sido em um contexto específico. mesmo que eu tb ache que todo mundo possa oprimir. Até a pessoa com todos as caracteristicas rechaçadas pela sociedade ao mesmo tempo. como eu disse oprimir é atitude.)
    Pelo contrário, as minhas poucas amigas que postam sobre sororidade (a maioria não sabe nem se posicionar direito sobre isso. só diz que é legal a idéia, mas não passa disso.) são completamente acolhedoras de todas as lutas e se mostram abertas pra conhecer novas lutas (e coincidentemente todas essas minhas amigas fazem parte do nosso coletivo feminista XD que tem pouquissimas pessoas justamente por ter uma visão mais abrangente e inovadora). Acho que esse conceito ainda é novo no brasil e ainda vamos trabalhar muito nele.
    Enfim, acho que fiz meu ponto*.
    E agora pra elogiar uma coisa que achei muito doida que vc disse: sororidade não é ser contra críticas nem apoiar qualquer coisa (mesmo que não preconceituosa) que colegas feministas dizem. Não somos todas iguais não pensamos igual. Inclusive nem as idéias de quais melhores atitudes pra nossas causas são consenso.
    Sororidade pra mim também não é ser amiguinha próxima carinhosa etc. Pq amizade não é algo que a gente escolhe assim, acontece. Mesmo pq se sororidade fosse assim aconteceria o problema de que quem iria ficar dentro da luta iriam ser só as pessoas com as mesmas idéias. Não seria plural nem aberto. E críticas são necessárias sim num processo de construção de qualquer coisa ainda mais de movimento social plural.
    É isso.

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  13. Gostei muito do seu texto!
    E gostei também do seu comentário no post da Lola, achei super sensato: sem falar pelas mulheres transexuais e ao mesmo tempo sendo uma mulher cisgênera apoiando o transfeminismo.

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    1. Awn, obrigada!
      E fico feliz por essa observação, fico com receio de acabar passando uma imagem de estar falando pelas transgêneras. Não quero que isso aconteça nunca, então é sempre bom saber se estou no caminho certo ou não! ^_^

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  14. Muito obrigada pelo texto e pela preciosa reflexão! Na minha opinião, a postura crítica vista como um dispositivo de mudanças e transformação, e não como mera forma de apontar um erro nx outrx pra se auto-promover, é o que há de mais rico no avanço do ponto de vista grupal e individual. E a raridade disso vem, a meu ver, justamente de nossa dificuldade de enxergar e, principalmente, reconhecer nossas profundas falhas, e as responsabilidades que elas acarretam, enquanto humanxs!

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    1. Certamente!
      Eu acho fundamental que as feministas desenvolvam um forte senso de auto-crítica, e é uma das maiores dificuldades. Enquanto não percebemos que somos um movimento formado por pessoas que não são criadas no vácuo e, sim, produtos da sociedade, esse tipo de situação continuará acontecendo.

      Mas aqui vamos nós sempre para lembrar da maravilhosa habilidade que é de saber nos criticarmos com propriedade em pontos pertinentes.

      Obrigada pelo comentário! <3

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  15. Obrigada, muito, muitíssimo obrigada mesmo.

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  16. acredito que me encaixo na descrição das que pregam a tal da sororidade, sim. porém, até algum tempo atrás, não só era "branca, cis e classe média", mas também algumas vezes oprimia sem me dar conta. pra começar, nem me dava conta de que existissem pessoas trans; era ou gay ou lésbica mesmo. acredito que nunca tenha sido homofóbica ou racista, embora minha família ainda tenha algumas dessas ideias enraizadas.
    mas desse tempo pra cá comecei a me dar conta de coisas que sempre percebi fracamente. uma delas me incomoda profundamente. não sei nem como dizer, mas... o modo como algumas pessoas com as características que vc citou (negras, pobres etc) demonstram se sentirem inferiores perto de nós. digo, com o olhar baixo, sabe? estudo em uma universidade considerada elitista, apesar de sua história de filantropia e de nunca mesmo ter visto alguém se mostrar preconceituoso lá. mas posso dizer que alguns mais pobres, pelo menos no começo, se isolam algumas vezes. que alguns funcionários, ainda mais quando negros, comportam-se assim. um exemplo: certa vez, fui ao banheiro e, ao jogar o papel, desastrada que sou, errei o alvo da cesta de lixo, que ainda por cima estava perto. e, bom, a funcionária, que havia acabado de esvaziar o cesto, pegou o papel do chão e ainda me mandou um "desculpa". minha reação foi só paralisar e pensar "quê? o que ela tá falando? eu quem devo a ela desculpas!". fiquei tão em choque que nem falei nada, mas no outro dia fui falar com ela. foi triste. mas sabe, há muita situações como esta. eu só lamento por isso. me faz me sentir tão mal.
    desculpe se falei algo errado nesse comentário, mas é difícil se expressar sobre coisas assim. só o que eu queria era que todos começassem a se sentir como iguais para que seja realmente assim. porque é muito difícil você se pôr no lugar do outro. acredito que seja assim com homens que tentam entender o feminismo, também. é difícil essa relação de "hierarquia" na sociedade. porque, ao mesmo tempo em que as vítimas sofrem e muito, é também complicado para os que estão "do outro lado" se fazerem saber que não são todos agressores. que não nos sentimos "no poder".
    agora, quanto a quem sente o contrário: lamento e muito. às que pregam a sororidade, só posso dizer uma coisa: no final, somos todos carne e osso, todos animais, todos iguais. eu poderia fazer outro comentário desse expressando o quanto é ridículo vc desprezar alguém por ter menos melanina, mais dinheiro e se identificar com o sexo da sua certidão.

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    1. Thais! <3

      Que história triste essa. Mas é verdade... pessoas que estão em condições marginalizadas aprendem a abaixar a cabeça e se submeterem mais rapidamente. Elas foram criadas a se sentirem inferiores em um espaço que lembra à elas sobre suas condições. Uma faculdade elitista como a sua, por exemplo, tem funcionários que nunca tiveram a chance de estudar nelas, então trabaharem nela como faxineiros e ver professores e alunos é um constante lembrete à elas de qual é o papel que elas ocupam no mundo.

      Mas eu acho super importante você se reavaliar sempre. Acho muito bonito ver as moças da Desch amadurecendo esse posicionamento, tendo auto-crítica, percebendo que nunca fomos perfeitas, por mais que a gente quisesse ser, rs.

      Eu diria que o fato de privilegiados não sentirem que estão no poder já é uma parte do privilégio, rs. Afinal, para nós, pessoas privilegiadas, o privilégio é invisível! Ele só aparece para pessoas que não os tem, então elas sentem as faltas e as diferenças em suas vidas.

      Por isso que nós, cisgêneras, nunca nem percebemos as dificuldades de uma pessoa trans até que ela venha nos falar, e é por isso que homens não conhecem a realidade de uma mulher até que uma mulher fale a respeito.

      Obrigada pelo comentário e confesso sentir faltas suas, e das meninas da Desch no geral <33

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  17. Este comentário foi removido pelo autor.

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  18. aplaudi de pé seu post
    frequentemente eu entro em debate com feministas classe média-brancas-orgulhomisandria-militantesdefacebook, e é recorrente ouvir: ''tudo isso pra defender uzomi, hein''
    (posso me retratar aqui? nomeaçãozinha mais retardada de todos os tempos)
    claro: eu coloco uma questão TOTALMENTE diferente em pauta - a última sobre um grande conjunto delas ficarem zoando o esquerdismo (qual o sentido, é ignorancia isso? a luta de classes é o motor das minorias, qualquer um com o minimo de senso entende que o sistema tem grande culpa na acentuação da opressão) - e daí eu simplesmente sou taxada de ''uomezista''.
    muito obrigada por esse post, de verdade
    eu já estava chegando na generalização que não existe feminista com autocrítica, e isso me machuca profundamente.

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  19. Eu não posso falar pelas pessoas com deficiência, mas acho o termo "deficientes" um tanto quanto pejorativo. Como se elas fossem a deficiência. =(

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  20. Olá Luna, gostei muito do seu texto!
    Para resumir, queria pedir uma opinião sua sobre um novo questionamento meu levantado por gurias do grupo do face q participo: "ser mulher cis não é um privilégio pq ao ser identificada socialmente como mulher, somos oprimidas por causa disso" e queria saber o q tu acha (não tenho intenção nenhuma de ofender, é só um questionamento recente e quero várias visões sobre ele)
    Tem esse texto aqui tb: (Trigger Warning para trans*) http://polemicasfeministas.blogspot.com.br/2014/02/combate-transmisoginia_21.html

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  21. Acho que minhas mágoas com algumas "amigas feministas" teriam sido salientadas se eu tivesse lido esse texto antes. Obrigada obrigada e obrigada. Escreveu muito bem tudo que o meu -ser- quis, mas que o emocional nunca deixou. Um beijo

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  22. Que prazer imenso poder conhecer seus sentires! Sou branca, cis, hetero e não me incomodei com seu texto pq concordo integralmente com ele! Tenho amigas trans e é muito louco qdo uma feminista não as reconhecem como mulheres, pq basta estar em sua companhia para esquecer que um dia elas tiveram (ou tem) um pênis, é apenas mais uma mulher! A sororidade nada mais é que uma palavra diferente se não vir imbuída de respeito às diferenças. Eu, como mulher, me sinto frustrada e envergonhada qdo vejo mulheres cis regulando o que é ser mulher, atacando e desmerecendo as mulheres trans, esquecendo que na cadeia das oprimidas, as mulheres negras são mais oprimidas, que dirá uma negra trans! Eu tbém não fecho com feministas segregacionistas, eu tbém colo em outras frentes, até pq são muitas e só desejo que a prática da sororidade e a quebra dos demais preconceitos possam construir pessoas melhores. Tem muitas mulheres que nem conhecem o conceito de feminista soror e o são, outras, o conhecem de cabo a rabo e não conseguem alcançar... não é uma questão de titulação e sim da pessoa que está atrás daquele termo, se é uma pessoa transfóbica, teremos uma feminista transfóbica, se é racista, teremos uma feminista racista, não há como negar! Eu, cá do meu lado, sigo fazendo o que está ao meu alcance, falando e exercitando a sororidade e o feminismo de forma abrangente, pq é assim que eu entendo que tem que ser, pq entendo que de opressão e ódio o mundo tá cheio e nossa missão é distribuir um pouco mais de afeto, de acolhimento, compreensão e proteção. Eu como mulher branca, cis e hetero, me envergonho que esses detalhes devam ser levados em consideração para segregar, qdo o que deveria importar é apenas o fato de sermos mulheres... só por aí vemos a força de milênios de patriarcado e o que isso incutiu nas mulheres, mesmo as que já tentam os primeiros passos para fora da redoma opressora, todos esses preconceitos são reflexo desse separatismo que vem bem a calhar com o patriarcado, pois enquanto perdemos tempo julgando umas às outras e com isso não aglutinando números realmente relevantes, ele, o patriarcado, segue forte e imexível. Gratidão por seu texto Luna! Gratidão!

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  23. VOCÊ ME ATINGIU! Enfiei no cu a Sororidade que só uso quando me convém, abaixando a minha cabeça e enfiando o rabo entre as pernas e pensando muito! Obrigada pelo texto, de verdade!

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  24. Como pessoa não-binária eu me senti abraçada e contemplada, por um debate que não nos exclua, pois o gênero também nos marginaliza.

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  25. Texto muito generalizado. Concordo com um dos anônimos, não foi hipocrisia das pobres rirem da rica? Ela poderia estar querendo entender que tinha privilégios e viver como uma pessoa que não tem, existe essa possibilidade.
    Eu vejo esse conceito de sororidade, no tempo que as mulheres eram obrigadas a ir para os conventos como uma única saída de se associar com outras mulheres para fazer algo. Isso até muito tempo atrás era coisa reservada aos homens. Lá como só tinham mulheres elas poderam se reunir para fazer algo. Claro que era para a Igreja como caridade essas coisas. Mas faziam juntas e sozinhas.

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  26. Excelente. Dos meus privilégios de ser mulher branca tenho plena noção. Tem que generalizar sim! Empatia não basta. Nunca, mas nunca vou tentar falar por uma mulher negra. Sou pró-movimento negro. Fico quietinha. Entro muda e saio calada. E só levanto a bandeira que me entregarem, sem questionamentos. Me entristece ver comentários elitistas, transfóbicos, homofóbicos,racistas e gordofóbicos etc em discussões de grupos de feministas. Mas sempre que a classe privilegiada tenta falar pela classe oprimida, dá essas merdas gigantescas. Feminismo é pra mulher. Óbvio. Mas não reconhecer que umas tem mais privilégios que outras é uma grande estupidez. Eu NUNCA senti um olhar de desprezo durante uma entrevista de emprego. NUNCA ouvi piadinhas pejorativas por conta da minha cor (isso mesmo gente, te chamar de leite azedo e alemão não é o mesmo que te chamar de macaco, crioulo - aliás quando tu faz uma cagada dizem que vc fez serviço de preto, que preto se não caga na entrada, caga na saída etc etc). NUNCA entrei numa loja em que a segurança ficou de olho em mim. NUNCA fui parada na rua pela polícia por conta da minha cor. E poderia aqui fazer uma lista gigantesca dos meus privilégios. E eu como lésbica, falo por lésbicas. E falo que entre lésbicas o preconceito rola solto. O fato de eu ter me relacionado com uma negra não me torna menos racista. Nem menos privilegiada. Aliás hj enxergo mto racismo durante meu relacionamento com ela. Sempre disfarçado como "brincadeira". Já chamei atenção de amigos gays meus, ao darem risadas das trans, das travestis. Bom...queria mesmo em estender nesse comentário, mas o texto ja falou tudo. Tudo e mais um pouco. Mulher branca, cis, magra e classe média, vc acha mesmo que sofre como sua irmã gorda, negra, pobre e trans? Se tua resposta é sim, vc está a anos-luz de entender o que é sororidade. Desconstruam esta merda, desçam sim do pedestal.

    Mudando o foco: me incomodou o caso da pitty vs anitta que rolou. Uma monte de "feministas" ( sim, entre aspas!) dirigindo ofensas à Anitta (vaca, vulgar, maloqueira, favelada,-funkeira, desmiolada, burra). Wtf minha gente?????

    Verônica Pereira
    verisfranco@yahoo.com.br

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  27. Oi, Luna! Caí aqui no teu blog justamente pesquisando sobre o termo sororidade. Estou escrevendo um artigo sobre slut-shaming praticado por mulheres, no caso, em decorrência de um vídeo íntimo vazado e compartilhado por whatsapp. Estou buscando compreender como, porque e o que leva mulheres cometerem essa violência simbólica contra outras mulheres e, com isso, validam a misoginia. Além de citar Focault, Bordieu e outros teóricos, tenho buscado leituras na internet e buscado tocar nessa "convensão" de que "mulheres são naturalmete inimigas" e como isso afeta a nossa falta de empatia e incapacidade de acolhimento à mulheres, em especial as que sofrem violência (racismo, homofobia, transfobia, bullying também são violências). Foi aí que cheguei no termo sororidade, e achei muito bonitinho quando vi. Dei um google e eis que me deparo com um monte de críticas a respeito! Fiquei um pouco surpresa!
    Entendo e concordo com tua crítica (e de outras escritoras) sobre a sororidade, principalmente no aspecto que é negligente e insuficiente para tratar da diversidade no movimento feminista, fora que limita uma série de discussões políticas e culturais, como bem colocaste no teu post. Entretanto, a sororidade é uma prática importante para que as mulheres, no geral, fora do ativismo feminista, parem de concordar em pesquisas que "se a mulher soubesse se comportar haveria menos estupros" e parem de reproduzir comentários machistas, violentos e odiosos à outras mulheres (no caso da minha pesquisa, vítimas), validando a cultura do estupro, culpabilização da mulher e a ideia de que nossos corpos e nossas sexualidades não nos pertencem. Entendes? Claro, isso aliado à uma formação não-sexista e crítica sobre as relações de poder. E ainda, a discussão sobre sororidade, embora muito pertinente e necessária, dá margem para anti-feministas colocarem em questão a credibilidade do movimento.
    O que tu achas? Vou ficar feliz se puderes contribuir neste meu dilema.
    Obrigada!

    PS.: Cheguei ao teu post através da crítica da Sta Bia(http://srtabia.com/2013/08/porque-nao-transo-sororidade/) e gostei bastante da tua escríta sensível e fervorosa. É muito bacana o modo como te colocas e te expões no texto. Não fazes somente aquela crítica distante; ela é genuína e muito pontual. Consegues prender o leitor na tua argumentação.

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  28. Oi Luna!
    Estava lendo seu texto no perfil de uma amiga no Facebook e comentei lá, mas quis comentar aqui também. Sabe, eu cresci num ambiente muito privilegiado, mas não me dei conta disso por muitos anos. Eu levei a infância e adolescência inteirinhas negando meus privilégios, mesmo enquanto lutava contra o racismo e contra a homofobia. Eu não percebia o preconceito enraizado que tinha, eu não queria lidar com essa parte vergonhosa e feia em mim mesma e na minha família. Foi só na vida adulta que eu passei a aceitar meus erros, meus privilégios. Foi só quando eu tive amigas trans pela primeira vez que percebi o quanto pessoas trans são invisíveis na sociedade, e o abismo que há entre a opressão que eu sofro por ser mulher e a opressão de quem sofre por ser mulher e trans, ou negra, ou com deficiência, ou gay, ou tudo isso misturado. E foi muito incômodo me ver tão no alto dessa lista de privilégios, foi duro ler por meses, anos, sobre esses preconceitos que eu não sofro. Mas aí eu comecei a aprender sobre como ser uma aliada das causas, sobre como usar o meu privilégio e os espaços que eu ocupo e sou ouvida para trazer essas causas à tona, e olha, o incômodo que eu ou outras pessoas sentem ao perceber o próprio privilégio não é nada perto da satisfação em saber que eu posso sim, ajudar. E isso é sororidade pra mim. É trazer o debate sobre racismo, transfobia, bi/homofobia, capacitismo, machismo, etc. para grupos que ainda não perceberam os próprios privilégios. Eu não suponho falar em nome dos outros, claro. Mas como você disse, por ser cis eu posso explicar com mais paciência coisas básicas que pessoas trans talvez não tenham (e nem precisam ter. Eu provavelmente não teria), por exemplo. Ainda me sinto um pouco incomodada, mas agora é sempre em relação à preocupação de talvez falar merda, ou então parecer que quero ganhar protagonismo em causas que não são minhas, mas o aprendizado nunca acaba, né? Aos poucos vou aprendendo.
    Desculpe pelo comentário imenso, eu tenho a tendência a me empolgar quando leio textos bons. :3

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  29. Obrigada por escrever e publicar este texto.

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  30. Não sei se esse blog ainda está recebendo comentários... Mas fiquei bem chateado com o ataque gratuito da Nádia Lapa sobre a Djamila. Senti que foi recalque puro, do tipo "ain, nós as radfem nunca somos confetadas". Fiquei com vergonha desse posicionamento. Sigo a Nádia e a Djamila há muito tempo (Djamila inclusive errou em ficar usando apelido na Nádia, achei infantil) e sempre aprendi muito com as duas, mesmo não concordando 100%. Mas senti uma grande pisada de bola da Nádia com aquele texto.

    Sem contar o episódio racista dela com a empregada "da família"...

    Enfim, acho que só queria desabafar mesmo.

    Obrigado.

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  31. o termo sororidade veio dos eua e la sororidade é um encontro de mulheres patricinhas de elite e as mulheres excluídas, que nao se encaixam ficam de fora. tentem entender a origem do termo pra ver o porque é algo excludente. sou homem, mas espero ter ajudado a entenderem.

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  32. Mexeu comigo! Me fez Pensar! Me incomodou...senti o incomodo da generalização e dos privilégios que carrego! E agradeço por isso! Feminismo "bom" é aquele que não exclui, que não invalida o discurso do outro...adorei o texto!

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  33. manas temos que nos juntar contra esse machistas e faze los da uma mamadinha[

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    1. e graça agora é? isso aqui e um blog serio seu filho da puta

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    2. ei ei,isso e um servido de minecraft cristão okay???

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    3. vo te enche na porrada, não me fale o q fazer

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  34. oraroraoraroararoraoaroaroaroaroaroararoararaoararoararoraarroarraroraoraoraoaraoaraoaraoaraoaraoaraoaraaoaraoaraoa

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  35. mudadmaduadmaduadmaudmaumduamudamduamdumdaumdauadmudamuadmuadmuadmdaumadumadumaduadmamdumaduamdumdaumadudamuadmuadmdaumadumadumdaumdaumadumadumdaumadumadumaduda

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  36. arirairairaiariraiariarirairairairiairaira

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Se você for amor, tome um chá, sente no sofá, tire uma soneca, fique à vontade que a casa é tua. Se você não for amor, inclusive sendo homofóbico, misógino, transfóbico, racista, etc., eu excluirei sua postagem. Sim, porque aqui é ditadura da minoria e as pessoas que me amam e/ou me lêem não são obrigadas a lerem sua merda. Então pense duas vezes :)