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quinta-feira, 19 de junho de 2014

9 observações sobre feminismo +1 sobre unicórnios (aka bissexuais).

eu sei que estou ausente há séculos, mas cá estou eu me revirando no meu túmulo e retornando de pouco em pouco. só para dizer algumas verdades que não mudaram nesse um ano e meio de blogzinho da rainha aqui (sim, rainha sim, olha a url do blog, faz favor). vamos prestar atenção na vossa majestade:

01) Mulher transgênera é mulher sim.

E o choro é livre.

02) "Mas agora a gente não pode mais falar de buceta!!!!111"

Pode sim. Ninguém está impedindo.
Só não falem de vaginas como se fosse um pré-requisito pra ser mulher, porque não é. Façam o mimimi que quiserem, mas não é. Falar de direitos reprodutivos é importante sim, falar de anticoncepcionais, ciclos menstruais e empoderar a vagina em si como algo ok é muito, muito importante. Mas também é igualmente importante lembrar que nós somos mais que órgãos reprodutores e/ou sexuais. Obrigada.

03) "Esse transativismo está dividindo o movimento, fazendo as mulheres bloquearem uma a outra no fb"

Eu deleto todo mundo que é chato do meu fb.
Não somos nenhuma seita maligna.
Se você está fora do meu fb, provavelmente é porque você é boring e não quero mais ver a sua cara na minha página. Só isso.

04) Bissexualidade existe.

E está por aí, existindo e sendo linda e maravilhosa em rosa, roxo e um milhão de outras cores. Superem isso. A vida continua.

05) Dizer para uma mulher que ela dorme com seu opressor é péssimo.

Sério. Vocês conseguem maneiras mais gentis de explicar para uma mulher sobre a imposição da heternormatividade e a nomeação do homem como uma classe opressora. Vocês conseguem algo melhor do que fazer essas mulheres se sentirem mal por serem heterossexuais.

06) O protagonismo do feminismo é das mulheres. O movimento é pelas mulheres.

E isso é um ponto básico. Se você é um cara e acha que isso é um enorme problema, bem, volte dez casas e aprenda a história básica do movimento. Se mesmo assim acha que está sendo um problema, então dê o fora. A gente já tem problemas o bastante sem precisar de caras cheios de boas intenções que mais desvia o foco do que qualquer outra coisa. De boas intenções o inferno está cheio.

07) Espaços seguros são essenciais. Para todo mundo.

Uma feminista falar que concorda com homens feministas não quer dizer que ela seja contra espaços seguros. Todos os segmentos necessitam de coletivos, grupos online, etc. para se articularem e se protegerem e isso não inclui apenas mulheres, mas mulheres transgêneras, negras, mães, com deficiência, muçulmanas, etc. Isso é realmente um ponto muito, muito básico. 

08) Mas a gente não ganha nada se dialogarmos só entre nós.

Sim, é mais confortável conversar sobre teoria feminista com as suas amigas. Mas você não muda mundo algum quando você se mantém na sua zona de conforto por toda sua vida. Às vezes vale a pena tentar conversar com alguém de fora e talvez seja legal conversar com as suas amigas para articular algo que promova maior conscientização de outras pessoas.

09) Teoria é legal, mas a prática é tão fundamental quanto.

E ninguém é menos feminista só porque nunca leu Simone. Fica a dica.

10) E, menos. Bem menos.

O feminismo não é só seu, a condição de ser mulher também não e tem um monte de experiência que você nunca viveu e da qual não pode falar a respeito. Seja mais humilde, ouça mais suas coleguinhas — travestis, negras, prostitutas, com deficiência, etc. — e entenda que existe mil formas de ser feminista e um milhão de formas de ser mulher, e nenhuma delas é ilegítima. 

E está tudo bem.
Sério.

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